Moacir J. M. Pereira
INTRODUÇÃO
Iniciando
nosso trabalho apresentamos o seguinte trecho:
O motivo dessa impotência estava
não apenas na verdadeira profundidade e complexidade da crise mundial, mas
também no aparente fracasso de todos os programas, velhos e novos, para
controlar e melhorar os problemas da raça humana.
(HOBSBAWN, 2002)
Selecionamos
o trecho acima, pois, nos remete a um pensamento importante, a problemática
populacional, vista através dos Estados e diversos estudiosos do tema ao longo
do tempo, e Eras, aqui tomamos de
empréstimo o termo de HOBSBAWN para destacar a forma como a análise das
populações se deu.
MAZOYER (2008)
expõe em uma obra primorosa e de referência para os estudos sobre as
agriculturas no mundo que a primeira grande revolução humana foi a Revolução
Agrícola do Neolítico, onde os grupos humanos começaram a dominar técnicas
através da criação de ferramentas para o auxílio aos cultivos, como por
exemplo, ferramentas cortantes com uso de pedra tais como foices, serras, a
moenda, os machados, vão facilitar sobremaneira a fixação do homem à terra e a
dedicação ao cultivo e à criação. E neste ponto se erguem as relações sociais e
brotaram as sementes que possibilitaram a ocupação humana em várias partes do
globo fundando as bases das sociedades até nossos dias.
Para que se
possa ter uma análise geográfica sobre população se faz necessário buscar
fontes de informações em autores como Malthus, Pierre George, Amélia Damiani,
que irão nos dar embasamento teórico para que possamos “alçar vôo” em nossos
estudos e percepções sobre quais motivos levaram às características atuais da
população mundial, à exemplo de desenvolvimento, subdesenvolvimento,
miscigenação, relações com natureza etc. É importante conceituar população,
conhecer os diversos movimentos populacionais humanos, saber interpretar os
indicadores geográficos com bases estatísticas para se perceber as
diferenciações espaciais e as características das populações que ocupam os
diversos espaços geográficos no Globo de forma heterogênea por processos
histórico-culturais à luz da antropologia e da geografia.
As análises
antropológicas com bases em estudos de arqueologia são os fundamentos
essenciais, apesar de não conclusivos e por vezes conflitantes entre teorias e
teses, típico das ciências, para que possamos ter o entendimento inicial das
características de ocupação dos continentes antes das grandes navegações como é
o caso das Américas com as populações pré-colombianas. Vários estudos tentam
explicar as origens das populações e suas miscigenações como o caso de Lagoa
Santa em Minas Gerais com Luzia pondo
em cheque as primeiras ocupações no Novo México Clóvis. Qual a importância para a geografia hoje destes estudos
pretéritos? Teriam importância na conformação das populações atuais, no caso do
Brasil? Teriam um peso cultural? E a influência européia, seria ela um fator de
diminuição destas características iniciais? Uma obra muito interessante sobre esta
temática, apesar de que não a desenvolveremos aqui está em RODRIGUES-CARVALHO e
SILVA (2006), que tratam da ocupação das Américas e alguns pontos das origens
da distribuição sapiens sapiens no
globo.
Sem dúvida um
fator que influenciou o crescimento populacional e a dominação do homem sobre
os espaços do Globo foi o desenvolvimento das técnicas agrícolas, que
possibilitaram às sociedades se fixarem a terra, passando de nômades a sociedades
organizadas que vão gerar civilizações inteiras. A primeira grande revolução
agrícola no período neolítico (MAZOYER, 2008) criou novas e fortes relações
entre as sociedades e a natureza, além de relações de poder entre os grupos que
possuíam melhores técnicas e adaptações.
Para entender
a população mundial se faz necessário aceitar a diversidade e buscar desvendar
a exploração do homem pelo homem, Homo
homini lúpus Plauto (254-184) in WIKIPEDIA
(16-08-2013), e os conflitos entre as sociedades. Também para entender as
populações é importante buscar através de fontes históricas como as sociedades
encararam o problema do crescimento populacional ao longo dos séculos e como decisões
tomadas pelos Estados e Nações influenciaram na vida dos cidadãos do mundo.
Com a evolução
das técnicas e a acumulação de capital, a propriedade privada e conflitos de
territórios o peso das populações sobre a economia dos Estados Nações começa a
preocupar diversos pensadores, muitas vezes culpando a própria população pelas
situações de crise que enfrentavam. Faz-se, necessário um passeio por Malthus,
os Neomalthusianos e os Revisionistas. O que não esgotaria o tema.
OBJETIVOS
Apresentar
conceitos gerais sobre estudos de população e sua relação com abordagens
geográficas.
METODOLOGIA
Nossa
pesquisa se desenvolveu através de levantamento bibliográfico e pesquisas na
rede mundial de computadores.
RESULTADOS
De acordo com
MORMUL & ROCHA (2012) ao se tratar de população, há forte ligação com
estudos geográficos, por possuir um caráter interdisciplinar, pois segundo os
mesmos os estudos de população possuem ligações em várias áreas do
conhecimento, apresentando-se por sua vez como um tema de grande complexidade,
que pode nos levar a uma abordagem sistêmica. Pois ao se aprofundar nos estudos
podemos desvelar várias fácies que nos mostram períodos e abordagens
diferenciadas, e denunciam ideologias como podemos encontrar exposto em DAMIANI
(1991).
Outro
aspecto importante é conceituar população, para isso alguns autores ao longo
dos tempos buscaram nas ciências biológicas este conceito, o que por algum
período levou a certas análises de população que excluíam os aspectos sociais e
econômicos, os modos de vida e as relações e necessidades humanas de respeito e
dignidade. Neste ponto encontramos também em MORMUL & ROCHA (2012) citações
sobre pesquisas e abordagens da distribuição das populações humanas no ecúmeno,
expondo que as concepções primárias buscaram suas explicações na Biologia, e
por sua vez as abordagens geográficas também beberam desta fonte, tendo uma
abordagem quantitativa supervalorizada, que é também denunciada por DAMIANI
(1991), onde se deixam em segundo plano fatores econômicos, sociais, políticos,
de existência pessoal em favor de conceitos como crescimento, fertilidade,
mortalidade, migrações etc. “Deste modo, população, conceito advindo da
biologia, passou a compor os estudos geográfico” (MORMUL & ROCHA, 2012).
De
acordo com MOREIRA & SENE (2007) o conceito atual de população para a
geografia é dado como um conjunto de pessoas residentes em um mesmo espaço ou
área, obedecendo a diversas escalas, podendo ser desde um bairro, um município,
um país até à população mundial, que por sua vez poderá ter vários critérios de classificação, por aspectos diversos como
etnia, local de moradia, atividade econômica, faixa etária etc..
Assim
o que percebemos na literatura pesquisada é que inicialmente a Geografia busca
na ciência biológica a legitimação, ou melhor, o caráter científico de análise
e estudo das populações, a sociedade “não social”, o que com o tempo se
modificará, conforme o parágrafo anterior.
De acordo com
MORMUL & ROCHA (2012) “É
inegável a contribuição
de importantes geógrafos
como Vidal de La
Blache, Friedrich Ratzel (geografia
clássica,) Pierre George, Jacqueline Beaujeu Garnier (geografia moderna),entre muitos outros,
que contribuíram significativamente com o
estudo da população
na Geografia, suas colaborações
encontraram eco nos
vários ramos da Geografia. Porém,
vale ressaltar que o
contexto em que
esses estudos populacionais
foram desenvolvidos, revela-nos
que estavam voltados a entender
as questões de seu tempo.” Assim fica claro que não devemos esquecer que a
abordagem geográfica de população está intimamente ligada às percepções e
ideologias ao longo da história humana, denunciando interesses econômicos e
políticos, como encontraremos em Malthus e os Neomalthusianos, Marx e os
Revisionistas.
Voltando
para a abordagem geográfica das populações, com o processo de modernização
técnico-científica na transição dos séculos XVIII, XIX e XX, MORMUL & ROCHA (2012) , destacam que
novas estruturas espaciais surgem rompendo com várias análises, à exemplo da
Malthusiana, mas que se mantém vivas através das ideologias que se implantaram
nas corridas imperialistas pela expansão do capital. Assim dentro dos estudos
de população feitos pela geografia, na Nova Geografia, se tinham como
ferramentas as técnicas estatísticas, matemáticas e de normatização/padronização
das análises, fundadas na demografia. Em um contraponto surge paralelamente na
década de 70 uma nova visão sobre população, onde as lutas de classe são
consideradas, é o momento da Geografia Crítica. Vale deixar o trecho abaixo que explicita bem esta nova
fase:
O
estudo da população
na Geografia exige
o aporte de
outras ciências sociais como
a Economia Política
e a Sociologia,
para explicar o
porquê do lugar
de pessoas nas classes
sociais, a perda
dos indivíduos na
coisidade da força
de trabalho do homem genérico, ao mesmo tempo submetido na sociedade,
não por obra do acaso, mas das leis sociais dominantes.
(RIQUE, 2004 in MORMUL & ROCHA, 2012 )
Então
com a Geografia Crítica se põe em destaque uma mudança na abordagem geográfica
sobre população, deixando um pouco de lado a análise estritamente quantitativa
para uma percepção qualitativa das populações e as suas relações sociais
expostas pela luta de classe. Para FOUCAULT de acordo com MORMUL & ROCHA
(2012), estudar população é ter em mente que se trata de algo por excelência
humano, em que suas distribuições e materialidades, são decorrentes de processos
histórico-espaciais derivados de relações sociais por vezes conflitantes, e que
vão deixando em menor importância a análise meramente quantitativa, não a
abandonando por completo, como bem expõe DAMIANI (1991), mas tendo os dados
quantitativos como ferramentas de apoio à análise principal, que são os dados
qualitativos.
De
acordo com DAMIANI (1991) “a geografia da
população é compreendida
como primeira aproximação dos
fenômenos urbanos, políticos,
econômicos, constituindo, nesse
sentido, o primeiro capítulo dos
tratados de geografia humana”.
MORMUL
& ROCHA (2012) citam que o primeiro uso do termo Geografia da População se
dá a Pierre George (1951), sendo utilizado posteriormente por diversos autores
como Trewartha (1953), Melezin (1963), Pokshishevskiy (1966), Chandna & Sidhu
(1980) entre outros.
Ainda
retomando a importância da análise qualitativa no estudo das populações, ou
melhor, da Geografia das Populações buscamos em DAMIANI (1991), reforçar esta
idéia quando a autora expõe que a supervalorização da pesquisa quantitativa
pode nos remeter à alguns resultados “superficias” dos fenômenos sócias,
mascarando as relações conflituosas entre os diversos grupos sociais. O que a
autora expõe é que não se deve excluir o quantitativo, como exposto nas
considerações acima, mas relacionar às análises qualitativas.
Desta forma a
autora explica que estudo das populações é por si o estudo das complexidades,
ou seja, a mesma considera que “A
população constitui a base e o sujeito de toda a atividade humana. Exatamente
por isso a população tem tal complexidade, nesse momento histórico. Se se partir
do estudo da população, teríamos que percorrer todos os aspectos, elementos e conseqüências
da sua atividade para conhecê-la..” DAMIANI (1991).
Tratando dos
estudos sobre população DAMIANI (1991) faz um levantamento do que ela expõe
como resgate necessário para o estudo da Geografia das Populações resgatando e
explicando algumas abordagens definidas como principais, como Malthus, os
Neomakthusianos, Marx e os Revisionistas. Dentro de sua análise ela desvela que
para Malthus, considerando seu momento histórico, transição do século XVII para
o XVIII, e a condição reacionária do mesmo, a miséria era necessária, pois
desta forma se manteriam algumas condições de existência que atuariam para o
controle da superpopulação, através de um ciclo de ascensão e decadência das
condições de vida das populações, controladas pela miséria e pela fome. Também
expõe que para Malthus a fome e a miséria possibilitariam o aumenta da
produção, pois as massas populacionais se dedicariam a abertura de novos campos
de produção de alimentos, um ciclo vicioso. “A miséria para Malthus, é,
portanto necessária. Ela aparece na fome, no desemprego, no rebaixamento dos
salários; então, ela mata, ela faz adoecer, ela reduz o número de matrimônios,
pois será mais difícil sustentar os filhos... Por outro lado, ela incita os
cultivadores a aumentar o emprego da mão-de-obra disponível, a abrir novas
terras ao cultivo, a re-harmonizar a relação população/recursos.” (DAMIANI,
1991).
Como exposto
acima, o momento histórico da abordagem de Malthus sobre a população, em que o
campo miserável migrava para as cidades em busca de sobrevivência ou algum tipo
de sustento, o mesmo se preocupava com a disponibilidade de mão-de-obra para a
produção de alimentos, onde como bem se conhece, expõe que o crescimento
populacional se daria de forma geométrica, enquanto a produção de alimentos de
forma aritmética, não sendo suficiente para a manutenção das populações. Assim,
“Argumenta Malthus que é preciso distinguir o número de braços que o capital da
sociedade pode empregar e o número que pode produzir alimentos em seu
território. O emprego na manufatura teria um resultado diferente daquele da
agricultura.” (DAMIANI, 1991)
O
que se faz destaque é que para DAMIANI (1991), Malthus não dá atenção para a
evolução das técnicas, ponto da principal crítica à esta abordagem, como forma
de suplantar a situação da fome, como também o mesmo estaria buscando esconder
as reais condições que motivavam a miséria, que eram a exploração das
populações por uma aristocracia e um burguesia emergente. Como bem expõe no
trecho abaixo:
Não estaria Malthus fugindo ou subestimando
as relações sociais e econômicas, particulares
ao momento que viveu, como fonte explicativa da pobreza, refugiando-se,
como princípio motor de sua teoria, numa relação numérica abstrata? Neste caso,
ele não estaria colaborando para perpetuar esta pobreza? Muitos o consideram o
ideólogo da economia burguesa; em outros termos, seu defensor e legitimador.
DAMIANI, 1991
Um
ponto se faz importante frisar e destacar, que as bases do que hoje conhecemos
como demografia e que ainda continuam subsidiando as análises da Geografia das
Populações através de dados obtidos e de suma importância nos planejamentos de
governos e pesquisas como dados de natalidade, mortalidade, crescimento
vegetativo, etc. tem seus fundamentos em Malthus e nos Neomalthusianos, da
década de 50 a
60, como por exemplo, os programas de planejamento familiar e populacional em
vários lugares do mundo, como ocorreu no Japão Pós-Guerra, nos Estados Unidos
da América, na Coréia do Sul, no Brasil etc.. e que ainda hoje são aplicadas
pelos Programas de Planejamento Familiar, de caráter Neomalthusiano.
Para
DAMIANI (1991) “Malthus não só está vivo através do pensamento neomalthusiano
do século XX, ... , como orientou a construção da demografia, ao conferir
importância sócio-econômica aos problemas populacionais ... conferida à
população por pensadores como Malthus, a demografia formal chega a superestimar
essa tendência autonomizante, constituindo técnicas quantitativas para
pesquisar as ‘leis endógenas’ do movimento da população: nas análises de
natalidade, de mortalidade, quanto à constituição do crescimento vegetativo,
entre outras.”
Para
o pensamento neomalthusiano, a questão central da superpopulação está no fato de
que a superpopulação exige dos governos, principalmente de países em
desenvolvimento, que os investimento que poderiam ser aplicados para o
crescimento econômico, em novas tecnologias, em infra-estruturas, são
direcionados para atender as camadas pobres e miseráveis fazendo com que estes
países sofram e tenham um lento ou nulo desenvolvimento econômico, perpetuando
a miséria das populações.
Um
contraponto para esta análise está em Marx, que busca denunciar que a miséria
se dá pela luta de classes e pela expropriação dos meios de subsistência e da
capacidade de produzir dos trabalhadores, forçando-os a vender sua mão-de-obra
para o Capital, de forma desvalorizada e por vezes de forma insuficiente para
sua manutenção e de sua família. “Para Marx, o pobre não é somente aquele
privado de recursos, mas aquele incapaz de se apropriar dos meios de
subsistência, por meio do trabalho. Existe, assim, a seguinte mediação social a
se considerar: a qualidade de necessitado do trabalhador decorre do fato de ele
depender sempre da necessidade que o capitalista ... tem de seu trabalho.” (DAMIANI,
1991). Apesar de se supor que Malthus não tenha dado observância a questão das
técnicas para suprir a fome e a miséria, o Capital se apropria das mesmas
impondo em seu ritmo as relações sociais nos grandes centros urbanos e gerando
um exército de proletariado subvalorizado em fileiras junto ás empresas, “.. o
desenvolvimento das técnicas, dos métodos de trabalho, das ciências
incorporadas à produção .. exige proporcionalmente mais máquinas,
matérias-primas, enfim, meios de produção do que força de trabalho ou
mão-de-obra.” (DAMIANI, 1991)
A
abordagem da Geografia da População, apoiada na Geografia Crítica, expõe as
relações sociais presentes e que se encontram de forma bem clara nos grandes
centros urbanos e no meio rural que vai se proletarizando após a Revolução
Verde. “Constitui-se, assim, uma massa de trabalhadores disponível, ou se criam
excedentes populacionais úteis, que constituem uma reserva de trabalhadores
inativos, passíveis de serem usados a qualquer momento, dependendo das
necessidades de valorização ou expansão do capital.” (DAMIANI, 1991). Assim se
cria uma condição de manutenção do Capital através do lucro e da exploração das
populações pela regulação dos salários e mão-de-obra barata, motivada pela
superpopulação relativa.
De
acordo com DAMIANI (1991) a partir da década de 20, teve início na Europa a
aplicação do que seria conhecido como ótimo
populacional, sendo um ponto de equilíbrio para a manutenção da boa qualidade
de vida e situação econômica do país, onde variações no crescimento
populacional, como crescimento acelerado ou decréscimo influenciariam nas
condições sócio-econômicas do país. Desta forma pode-se considerar que até
certo ponto o crescimento da população seria positivo para o país, entretanto
passando-se deste limite o caindo demais ficaria comprometida a sustentação
econômico-social da nação. Porém esta abordagem, segundo “Os críticos do
malthusianismo asseguram que ele encobre as formas concretas e históricas, e
suas mediações sociais particulares; e que estuda a relação entre natureza e
sociedade, inclusive ocultando as relações de troca desiguais entre diferentes
países. O malthusianismo não explicaria a produção concomitante e contraditória
da riqueza e da miséria, da superprodução de alimentos e da fome. Fundamentaria
ações imperialistas. Serviria, portanto, a uma política interna reacionária e
externamente agressiva.” (DAMIANI, 1991).
Para a autora “o
malthusianismo ou neomalthusianismo posto como uma ideologia que se aplica por
meio de estratégias políticas e relativamente eficazes com objetivos ligados a
manutenção das classes dominantes e na exploração das populações. Também
considera que o crescimento populacional, especialmente a partir da década de
50, nos países do Terceiro Mundo, no
entender da teoria neomalthusiana, determinaria a existência de uma população
excedente às possibilidades do desenvolvimento econômico desses países. E assim
explicaria seu subdesenvolvimento... Apesar de muitos considerarem que os
programas de desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo teriam um efeito
redutor sobre a natalidade, admite-se quase por unanimidade, a necessidade de
políticas de controle de natalidade. Essa redução tardaria e seria preciso antecipá-la.”
Nos países pobres,
as várias formas de fome, denunciada no Brasil por Josué de Castro, atingem
grandes porcentagens da população, sofre-se de fome em geral ou de fomes
específicas (como falta de proteínas), portanto, sofrem a escassez de produtos
alimentícios, estes são abundantes nos países chamados desenvolvidos. Em 1974
ocorreu em Budapeste a Conferência de População, onde foram postas à mesas
várias cartas em que se denunciou que a questão da superpopulação e da miséria
no mundo é decorrente das ações Capitalistas e Imperialistas motivadas pelo
lucro e pelo estímulo ao superconsumo. Desta forma algumas nações em
desenvolvimento expuseram que para erradicar a fome é necessário o
desenvolvimento pleno das nações.
Esta
última análise ficou conhecida como teoria demográfica reformista, segundo os
defensores desta corrente, existe uma tendência ao controle espontâneo da natalidade quando da melhoria das
condições de vida e educação da população, é uma teoria considerada por alguns
autores como mais realista por considerar vários aspectos, como a questão
econômica, social e demográfica, baseada nas situações das populações, das
pessoas.
De
acordo com COELHO (2011), percebe-se que a dinâmica populacional, e sua análise
deve considerar os processos históricos e sociais das populações, além também
de desta forma buscar entender vários processos de crescimento, decrescimento e
migração das populações tendo em vista suas condições sociais e sua relação com
os recursos naturais e econômicos, que irão influenciar em sua distribuição na
face terrestre. Assim se faz pertinente perceber as diversas formas de
investigação das populações, com abordagem geográfica que nos demonstra vários
aspectos sócio-espaciais. Entretanto esta abordagem para chegar a dados
qualitativos busca em informações demográficas de origem quantitativas sua
partida para a análise, conforme citam ALMEIDA & RIGOLIN (2005):
O conhecimento da distribuição dos
habitantes por idade, sexo e população que trabalha, dividida pelos setores econômicos
(População Economicamente Ativa – PEA), pode revelar dados importantes sobre a
realidade socioeconômica dos vários países do mundo. Para esse levantamento,
usamos a demografia, que procurou explicar as variáveis das populações: número
total, dinâmica de crescimento, distribuição. Estrutura e mobilidade
(migração).
CONCLUSÃO
Durante
este trabalho foi possível percebemos que o estudo das populações passou por
diversas abordagens durante sua evolução. Dentro da literatura pesquisada
basicamente ficaram expostas quatro abordagens, o Malthusianismo, Baseada em
Malthus que via a miséria como algo inevitável e necessário para a manutenção
do equilíbrio entre a capacidade de produção de alimentos e o número
populacional, tendo em vista que Malthus foi considerado como um conservador e
que não desvelava as causas reais da miséria e da fome, mas sim as tornavam
“naturais” e “aceitáveis”. Em seguida vieram as teorias de Marx que combatiam
esta lógica expondo que a fome, a
pobreza e a miséria são frutos da exploração econômica e da condição imposta
pela domínio capitalista sobre a grande massa da população. Depois com a
evolução imperialista e no pós-guerras surgiram os neomalthusianos que
consideravam a causa da pobreza das nações a necessidade de gastos públicos com
as populações crescentes, onde não se investiria no desenvolvimento econômico
industrial das nações. Por fim os revisionistas que denunciavam as condições
impostas as nações pobres pelo modelo econômico mundial e pelo estímulo ao “superconsumo.”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA,
Lúcia Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa; Fronteiras da Globalização: Geografia
Geral e do Brasil, Ática, SP, 2005;
COELHO,
Vagner Limiro ET AL. O Ambiente e a
distribuição geográfica dos seres vivos, vl. 2, PEARSON, SP, 2011;
DAMIANI,
Amélia Luisa; População e Geografia, Contexto, SP, 1991;
HOBSBAWM,
Eric; Era dos Extremos: O breve século XX 1914-1991, Companhia das Letras, SP,
2002;
MAZOYER,
Marcel; ROUDART, Laurence; História das agriculturas no mundo. UNESP, SP, 2008;
MOREIRA, João
Carlos; SENE, Eustáquio de; Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e
globalização, Scipione, SP, 2007,
RODRIGUES-CARVALHO,
Cláudia & SILVA, Hilton P. (Orgs.); Nossa Origem: o povoamento da Américas:
visões multidisciplinares; Vieira & lent, RJ, 2006;