sexta-feira, 16 de agosto de 2013

BREVE ESTUDO DA RELAÇÃO SOCIEDADE E NATUREZA

Moacir J. M. Pereira 


  Introdução

            O presente trabalho propõe expor de forma breve as relações existentes entre sociedade e natureza, sua evolução temporal e suas contradições. Buscamos, através de levantamento bibliográfico, o conceito de natureza, ambiente, meio ambiente e recursos naturais, de forma a contribuir com a discussão atual da relação homem x natureza.  O que se mostrou durante a pesquisa, foi que para muitos autores, em se tratando de desenvolvimento econômico e social, há necessidade de se analisar sociedade e natureza de forma integrada, indissociável, não que a natureza dependa da sociedade, mas que o inverso se faz verdadeiro. Uma verdadeira contradição estabelecida pelo Modelo de Desenvolvimento Econômico predominante, onde se busca sempre aumentar o consumo para desta forma aumentar a produtividade, tem levado à escassez dos recursos naturais, em suas diversas representações, influenciando na expansiva degradação ambiental em nível global. O que observamos é uma forte ligação entre o consumo e a degradação ambiental e por sua vez social. A homogeneização das práxis urbana, do consumismo desnecessário é um verdadeiro convite ao caos.
           

A Natureza

Quais são os conceitos existentes sobre natureza? De acordo com Neto (2010), quando se desenvolve uma ideia do que venha a ser natureza logo se tem a imagem dos animais, dos cursos d´água, das plantas etc. O que se observa, de acordo com o autor, é uma separação do homem e da natureza, entretanto o mesmo alerta que há necessidade de pensar a sociedade como parte da natureza, e ainda destaca que “basta lembrar que nosso organismo é composto por água e minerais”. De acordo com o mesmo autor vale salientar que ao entender o homem inserido no conceito de natureza, se rompe a dicotomia sociedade x natureza, assumindo-se um entendimento mais amplo, e adequado à realidade atual, indo “além da dimensão natural/ecológica” para “a dimensão social, econômica, cultural e política”.
Uma importante análise do que venha a ser natureza é quando se observa à luz do tipo de sociedade que vem a construir este conceito, ou melhor, do tipo de ideologia que vem tratar do tema. Assim a natureza, é um conceito humano, como bem afirma Lenoble in Dulley (2004), “não existe uma Natureza em si, existe apenas uma Natureza pensada. (...). A natureza em si, não passa de uma abstração. Não encontramos senão uma ideia de natureza que toma sentido radicalmente diferente segundo as épocas e os homens”. Assim Dulley (2004) completa, “o significado da natureza não é o mesmo para grupos sociais de diferentes lugares e épocas na história. A natureza é pensada, a partir de relações sociais”.
As realidades materiais das sociedades, assim definidas pelas suas capacidades técnicas de fazer uso do meio, controlar situações naturais ou mesmo ter domínio sobre o meio, ao longo da história das sociedades humanas, vão tecendo a forma e o olhar humano sobre a natureza. De acordo com Neto (2010), “Cada sociedade constrói seu conceito de natureza de acordo com sua realidade socioeconômica e cultural. As sociedades primitivas possuíam uma relação de respeito e um temor devido, principalmente, à dependência e uso dos recursos naturais para subsistência”. Já nas sociedades modernas temos percepções bem diferenciadas devido ao processo de evolução do conhecimento humano, que vai apoiado por processos históricos marcantes como a Revolução Neolítica, o surgimento dos aglomerados urbanos, as revoluções burguesas, a expansão do conhecimento sobre novas áreas do planeta, as técnicas agrícolas, as trocas comerciais, a acumulação de metais, o iluminismo, as revoluções industriais, os Estados Nacionais, as grandes guerras, entre outros fatores que se buscarmos aprofundar nosso olhar estão sempre ligados ao domínio do homem sobre a natureza. Natureza entendida como domínio, recurso, expansão, mercado. 
Aqui podemos citar Milton Santos, com sua abordagem sobre o espaço geográfico, partindo do meio natural, passando pelo meio técnico, técnico-científico e chegando aos dias de hoje no meio técnico-cientíco-informacional. Lembramos aqui também do geógrafo Ruy Moreira, em palestra proferida na UFPA, no encontro de Geografia em 2012 onde citou Milton Santos e sugeriu, salvo engano, que estamos em um meio técnico-científico-bio-informacional, devido aos avanços da genética e seus usos comerciais na produção de alimentos e saúde, por mais redundante que nos possa parecer o cunhar deste termo, é coerente por marcar uma nova era, onde o mercado se apropria dos avanços científicos da biotecnologia para ganhar novas fronteiras, tal qual a Revolução Verde, tocada por Mazoyer & Roudart (2010, Edição UNESP) que denunciam a crise contemporânea da produção agrícola.
Assim como bem percebemos o conceito de natureza, socialmente construído, por vezes excluí o Homem. Seria tudo aquilo em que o homem não teve relação em sua criação. Entretanto existe um olhar que define as sociedades como entidades naturais, ou seja, pertencentes à natureza e dela dependente diretamente para sua manutenção e reprodução quanto sociedade.
Podemos ver em Art (1998) in Dulley (2004), o conceito de natureza como “termo genérico que designa organismos e o ambiente onde eles vivem: o mundo natural”, por muitas vezes, observamos ser usado como sinônimos os termos, natureza, ambiente, meio ambiente, recurso natural. Este mesmo autor expõe as diferenciações conceituais, sendo: Ambiente “o conjunto de condições que envolvem e sustentam os seres vivos na biosfera, como um todo ou em parte desta, abrangendo elementos do clima, solo, água e de organismos”. Aqui fica clara a relação de totalidade, o que na geografia entendemos como geobiocenose. Meio ambiente “soma total das condições externas circundantes no interior das quais um organismo, uma condição, uma comunidade ou um objeto existe. O meio ambiente não é um termo exclusivo; os organismos podem ser parte do ambiente de outro organismo”. Aqui há referência à grupos específicos, em que condições específicas lhe favorecem à vida e reprodução.

O conceito de recurso natural é fundamentado como algo que existe em meio natural e que poderá ser utilizado para determinado fim social. Ao exemplo das águas, dos solos, das plantas, dos animais, dos ventos, da luz do sol entre outros. Entretanto como bem sabemos estes recursos, são definidos em renováveis e não renováveis, e justamente os recursos não renováveis tem sido motivo de diversos conflitos internacionais, motivando guerras entre nações.
Assim como bem entendido a natureza fica subjugada, tendo o homem como centro, e para tal deve servir aos seus interesses “sociais de desenvolvimento”. Neto (2010) cita que no Modelo de Desenvolvimento Econômico adotado pela maioria dos países os elementos naturais são vistos simplesmente como matéria-prima. E que uma sociedade para se sustentar dentro deste modelo deverá ter em sua escala de valores os bens materiais como representação de “progresso, desenvolvimento e status social”. Entretanto com a tomada a tomada de consciência dos limites de usos dos recursos naturais, a partir do documento Limites do Crescimento, começa-se a discutir mais sobre o uso da natureza como recurso.
Com o domínio das técnicas a sociedade ocidental põe a natureza ao seu total dispor, entendendo-a como um recurso ao seu desenvolvimento econômico, garantindo através dela sua matriz energética (carvão em um primeiro momento e petróleo em outro), e também subjugando nações e gerando diversos conflitos por recursos para o desenvolvimento econômico forjado à luz dos interesses Capitalistas. O que não exclui os ex-países de economia planificada. Faço aqui um convite ao leitor, observando bem de perto, e trazendo até os dias de hoje, quais conflitos bélicos que se desenvolveram entre os diversos países do globo, e ainda se desenvolvem, não tem relação com o uso de recursos naturais? Difícil , para o geógrafo, não ter uma vaga lembrança de Ratzel e Lacoste (apesar de tão antagônicos). Um trabalho que mostra bem este ponto de vista que relaciona conflitos armados com busca de recursos naturais esta em Renner (2002) in Quental(2003), que faz uma relação de conflitos armados e suas causas relacionadas ao domínio de determinados recursos naturais. O autor cita uma relação de conflitos bélicos e seus reais motivos: 1992-2001, Angola, diamantes; anos 90, Serra Leoa, diamantes; Fim da década de 90, Libéria, madeira; desde 1999, Sudão, petróleo; 1999 a 2000, Ruanda, tantalite-columbite; 90-2001, Afeganistão, lápis-lazúli; 90, Cambodja, madeira; entre outros. E a questão do carvão mineral na Alsácia-Lorena? E a questão do petróleo nos dias atuais? Todos estes são pontos importantes que devemos considerar na relação sociedade e natureza, a natureza como recurso econômico nestes casos.


O que se percebe é que se busca manter, ou atingir, um Modelo de Desenvolvimento Econômico em que as nações tenham maior produção e maior mercado consumidor, a qualquer custo. Sabemos que este padrão de desenvolvimento está sendo questionado por diversas instituições internacionais, movimentos sociais, ONGs, todos estes engrossando o discurso de desenvolvimento sustentável. A partir da década de 60-70 alguns discursos começaram a se preocupar com a questão ambiental, após a publicação do relatório Limites do Crescimento, ficou em foco que o padrão até então observado de crescimento estava inviabilizado. O planeta Terra não possui a capacidade de recuperação em escala temporal humana para a manutenção das sociedades se não houver uma mudança nos padrões de uso dos recursos naturais ou ambientais. A humanidade está em cheque.
Daí, surgem os movimento ecologistas, com discursos conservacionistas, entretanto muitos discursos, também são excludentes, ou seja invertem totalmente a lógica, o homem fica fora, as sociedades deveriam ser radicais na forma de conservação. Tais discursos vão ser o ponto fraco do movimento ecológico, já que excluem as sociedades. Assim um novo modelo deveria ser buscado o modelo de desenvolvimento sustentável. Onde o equilíbrio sociedade e natureza possa garantir às atuais gerações sua manutenção e às gerações futuras os seus recursos.
Observamos que do discurso à prática existem grande lacunas, a exemplo do Tratado de Kyoto, sendo que mesmo após a RIO + 20, os governantes da maioria dos países não chegaram à um denominador comum sobre a questões ambientais que já preocupam severamente a humanidade. Questões como aquecimento global, diminuição das calotas polares, queimadas, emissão de dióxido de carbono, diminuição da biodiversidade são pontos que ainda não possuem resolução devido ao posicionamento de alguns países, à exemplo dos Estados Unidos, que se negou a assinar o tratado de Kyoto alegando que tal fato atingiria de forma muito negativa a economia daquele país.
Estes dados denunciam a problemática do padrão de desenvolvimento que tende a ser seguido por várias nações. Entretanto, felizmente, já se observam vários discursos repensando tal lógica de desenvolvimento ao exemplo da Economia Verde e do desenvolvimento sustentável, de acordo com (Jorge Hargrave e Sandra Paulsen - Economia Verde e o desenvolvimento sustentável, 2012), estas formas de pensar o fazer econômico, considerando os limites de sustentação dos usos dos recursos naturais e serviços ecossistêmicos são alternativas ao padrão de desenvolvimento atual. Estes autores comentam sobre a Economia Verde que deve considerar o esgotamento dos recursos naturais, os serviços ecossistêmicos e os limites planetário, representando fronteiras à serem respeitadas e seriamente observadas, assim delimitando certos padrões como o produtivo, a forma de distribuição (acesso à alimentação por exemplo e compartilhamento de tecnologias limpas) e mudança no tipo de consumo. Estas considerações influenciam em questões políticas, geopolíticas, de justiça social e forma de atuação de diversos agentes sociais em várias escalas (local, regional e global). De acordo com estes autores, que são economistas, o processo de mudança para os princípios e ações que embasariam uma Economia Verde não vem se demonstrando com uma opção, mas, como bem definem, uma tendência da economia mundial. Como exemplo do que já se vê em diversas mídias sobre divulgação do consumo consciente, no fortalecimento do mercado do carbono, nas certificação de produtos ecologicamente corretos em modo no norte da Europa e já em crescimento, mesmo que de forma ainda pequena no Brasil. Essas tendências também têm se mostrado como oportunidades de negócios, um grande mercado de produtos certificados e também da valorização da gestão ambiental nas empresas através das certificações ISO por exemplo, uma crescente exigência de mercado Um exemplo não tão distante desta discussão é o “boi verde”, uma exigência de alguns países de carne saudável e que produza baixos impactos ambientais.
Neste ponto HARGRAVE e PAULSEN (2012), citam que o Brasil tem ai uma forte oportunidade, aproveitando certas características produtivas que possui atualmente, aqui incluímos a agricultura familiar que contribui com 70% da produção de alimentos no país (MDA, 2005 em www.rts.org.br), assim adequando-se ao processo produtivo de economia verde, aqui visualizamos que vai por várias frentes econômicas incluindo da agricultura à industria, à construção civil ao turismo por exemplo. Obteria-se grande parcela deste mercado. Estes autores elencam alguns pontos que deveriam ser considerados dentro de uma macro estratégia de desenvolvimento com bases em economia verde, considerando o potencial ecológico e o nível de degradação ambiental pelas atividades econômicas de cada país. Assim expõem: “a) Centralidade dos conceitos de pegada ecológica (ou alguma variante) e biocapacidade que mostrem o impacto ambiental não apenas dos padrões de produção mas também de consumo em cada país; b) Pagamentos de serviços ecossistêmicos em nível internacional; c) Esquemas nacionais e internacionais de financiamento e transferência de tecnologias para o desenvolvimento de setores baseados na economia verde; d) Algum tipo de precificação do carbono; e) Eliminação dos subsídios perversos, por exemplo, aos combustíveis fósseis.” HARGRAVE e PAULSEN (2012).
Estes autores tocam em dois pontos que concordamos que sejam primordiais para que ocorra o que se pode definir de desenvolvimento sustentável em nível global. Primeiramente, o papel central da educação e depois a necessidade da preservação à níveis que permitam a dignidade e a qualidade da vida humana para as gerações futuras do capital natural, físico, humano e social. A educação então é apresentada como a base da construção de uma sociedade como cidadãos eco-politizados, conscientes, críticos e capazes de solucionar  desafios ambientais. E o capital natural para a sustentabilidade do sistema. 

Diversas questões ainda estão pendentes de solução, entretanto o que já está bem claro para a sociedade atual é que o padrão de crescimento industrial, produção e consumo humano está cada vez mais insustentável. Os neo-malthusianos reforçam cada vez mais sua teoria devido ao crescimento populacional mundial. São necessárias tecnologias sustentáveis que venham substituir a matriz energética em escala global. O petróleo além de ser extremamente degradante ao meio ambiente, como bem sabemos, é fonte de diversos conflitos bélicos, que por vezes ficam mascarados por bandeiras de anti-terror, anti-fundamentalismo etc.. Um olhar atento à Geopolítica do petróleo deve ser tomado para entendermos ainda mais a relação sociedades e natureza.
Então qual seria o caminho a ser seguido pela sociedade? Não nos cabe aqui sermos profetas ou qualquer coisa do gênero. O que nos cabe, como comunidade científica e educacional é alertar sobre os usos e abusos dos recursos naturais por parte de toda a sociedade, da residência à multinacional, de uma prefeitura ao bloco econômico. Um exemplo gritante é a necessidade de substituição da matriz energética petróleo, este recurso, não renovável, com seu consumo, tem agredido o meio ambiente de diversas formas, como derramamento de petróleo, a queima deste combustível fóssil, o uso indiscriminado de plásticos, etc.. São fatores que nos forçam a buscar alternativas energéticas que garantam qualidade de vida e desenvolvimento econômico sustentável ecologicamente. Eis o maior desafio da humanidade. Prover as sociedades de possibilidades de garantir um futuro ecologicamente equilibrado às gerações futuras.

SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS

A questão da relação sociedade e natureza, como já exposto, se dá de forma diferenciada entre as diversas sociedades, sendo elas urbanas, povos da floresta, camponeses, etc. A forma de lidar com o meio esta vinculada à cultura da sociedade em questão. Na sociedade ocidental, em geral, a natureza “recurso” está em pleno declínio. A falha, por vezes intencional, governamental de aplicação das leis ambientais, a crise urbana, a queda da qualidade de vida nos grandes centros são fatores que já preocupam vários setores sociais e já tem ultrapassado os muros dos centros acadêmicos.  Quais as soluções hoje encontradas para este desafio?
A tecnologia é um caminho importante para começar a diminuir os impactos causados à natureza pela sociedade de consumo. O uso de energia renovável tende a crescer ainda mais. Alguns países tem direcionado fortes investimentos em energia sustentável, a caso do Japão na cidade de Minamisoma, região de Fushima, onde se tem altos investimentos para a construção do maior parque de energia solar deste país. Além da energia solar, as tecnologias para uso de fonte eólica, hídrica, biomassa entre outras, têm se destacado como soluções à substituição da matriz energética predominante, o petróleo.

Essas tecnologias que utilizam fontes de energia renováveis são apontadas por diversos organismos internacionais, tal qual a ONU, como o caminho para a sustentabilidade do planeta. Entretanto ainda existem muitas “amarras” para uma mudança no padrão energético em muitos países, no Brasil por exemplo, a matriz energética é bem diversificada, as grandes redes de energia provindas de hidrelétricas como Itaipu, Balbina, Tucuruí alimentam grande parte dos municípios brasileiros, mas ainda são necessárias termelétricas, com queima de diesel, para muitos municípios em que ainda não há acesso a energia constante do sistema nacional.
Além da discussão sobre a matriz energética, temos o uso de outros recursos naturais, como a extração de minérios, a derrubada de madeira, que apesar de ser um recurso renovável, tem sido uma área de constantes conflitos. Muito se expõe nos noticiários nacionais sobre conflitos de terra, madeireiros e indígenas, madeireiros e IBAMA, madeireiros e seringueiros. É certo que houve avanços no combate a derrubada irregular de árvores em floresta nativa por parte de madeireiros e também na “Fronteira Amazônia” na expansão do sistema de plantation de soja e pastos de pecuária extensiva , ainda mais com uso da geotecnologia para acompanhamento e controle de focos de derrubada e queimadas, mas muito resta a caminhar para garantir um uso racional deste recurso à exemplo de maior apoio à atividades de fiscalização e cumprimento da legislação ambiental; O esgotamento indiscriminado de muitos recursos naturais, além da miséria social, tem empobrecido a biodiversidade dos biomas brasileiros.

SOCIEDADES ECODESENVOLVIDAS

Qual o padrão de sociedade que mais se encontra em equilibro com a natureza?  Pode nos parecer utopia buscar um sociedade em que a cultura está em total equilíbrio com a natureza. Partindo do princípio dicotômico homem x natureza, realmente fica ainda mais difícil buscar tal sociedade, já que a partir deste prisma a natureza deve ser subjugada pela sociedade servindo ao seus propósitos de desenvolvimento, de seu avançar para algum lugar, um lugar desconhecido, ao qual pelo que percebemos quanto mais o homem pensa estar se aproximando, mais e mais vai se afastando. Pois, ao nosso entendimento, quando na base de uma sociedade está o consumo, o individualismo e o crescimento econômico-tecno-industrial infinito, mais este homem torna ao outro e à si mesmo escravo. Aproveitamos aqui para citar VARELLA (Portal Vermelho, 2009), em seu artigo Libertas e serás também, onde escreve “Quanto vale no prato o pescado ao consumidor final e o ganho real (dinheiro e qualidade de vida) do pescador? Quem obriga a este homem a trabalhar duro para consumir a vida sem ganhar nada durável e à sua mulher a esperar sentada a ver novela na TV aonde a imagem moderna chega com seu poder de sedução ao êxodo rural e ao consumo urbano? O Homo sapiens não sabe fazer greve à marretagem, nem tolerar seus vizinhos para compartilhar e poupar força de trabalho... O mito da nobreza do Trabalho vai, sim, tornar esse homem dependente do ócio de outros homens. Assim como o alienado consumidor de lazer ignora o trabalho e miséria que ele causa na outra ponta da cadeia.”

A natureza das sociedades não é a natureza da natureza, lembrando MORIN. Cada cultura se vê de forma diferenciada com a natureza, para uns existe o pedido de perdão ao derrubar uma árvore ou uma caça para a morada ou alimentação de sua família e para outros não existe preocupação se ao derrubar milhares de hectares de floresta para o “desenvolvimento” e manutenção do sistema capitalista de opressão e produção, para que o status quo se perpetue para ricos e miseráveis, perde a humanidade e seus descendentes que chorarão feito filhos bastardos que a nada lhes coube de Terra saqueada. Por mais cruel ou louca análise que se apresente estas últimas observações, o caminho para este cenário está muito bem aberto.

ECO ALFABETIZAÇÃO

Uma eco-alfabetização se faz necessária. De acordo com (CITAR) a autora  é necessária preparar gerações conscientes da necessidade de equilíbrio entre sociedades e natureza. Cabe aos meios acadêmicos e escolares, retribuir à sociedade os milhares e milhares de votos de confiança, mesmo que sem saber, através dos impostos transformados em investimentos públicos.  É importante a valorização inicialmente dos docentes em todos os níveis de ensino que formarão ou aprovarão cidadãos, graduados, mestres e doutores para que tenham maior apoio e engajamento na revolução silenciosa da educação.

 Outro fator primordial é a popularização e transformação dos conhecimentos sobre meio ambiente em ações reais e legislação obedecida por toda a sociedade. Tal fato somente se fará possível com um movimento de base educacional, da valorização da educação ambiental na estrutura curricular das escolas em todas as nações. E sobretudo a estímulo ao consumo consciente de produtos realmente sustentáveis, socialmente equilibrados e ecologicamente corretos, à exemplo de produtos de agricultura familiar e economia solidária. Como diz um provérbio popular, “prevenir é melhor que remediar”, e esta prevenção está na legislação ambiental, no consumo consciente, na valorização do conhecimento tradicional e na valorização da educação sócio-ambiental em todos os níveis de ensino.

CONCLUSÃO

Pela breve análise deste trabalho podemos observar que apesar da aparente separação feita entre a natureza e a sociedade ao longo dos séculos, existe um ligação forte que faz uma dependência das sociedades em relação à natureza. Após os movimentos de tomada de consciência de diversos setores da sociedade, tendo início na década de 60-70, várias ações políticas têm voltado os olhos ao equilíbrio no usos dos recursos naturais.
Muitas sociedades aborígenes já mostravam um uso equilibrado do meio em que viviam e que tem por vezes tem sido, por este motivo, um ponto de referência nas formas de uso. Entretanto em uma sociedade capitalista ainda resta muito a caminhar no sentido de buscar esta forma equilibrada de uso dos recursos de forma a atingir o desenvolvimento sustentável para todas as nações. Urge, lutar para que isto venha a ocorrer e o caminho mais aberto é através da conscientização de todos para que as futuras gerações possam usufruir de maneira adequada e também sustentável da natureza.
As escolas são um dos lugares para a alfabetização ecológica das sociedades ocidentais. Cabe à nós professores auxiliar nesta maravilhoso descoberta e re-ligação, entre pessoa e natureza.
Finalizamos com este trecho Conforme Gonçalves (2006) em Ramos (2007), “somos testemunhas de um tempo marcado pela eficiência da ciência, mas que tende a uma visão catastrófica sobre a futura condição da natureza e de nosso planeta. Isto fez com que a ecologia deixasse de ser um ideal romântico, de indivíduos contrários a um eterminado sistema econômico vigente, para ser pertinente a qualquer ser humano, preocupado em construir valores étic os menos antropocêntricos. Neste cenário histórico, a revisão filosófica do conceito de natureza que se faz essencial, é aquela que deve auxiliar a recuperar um novo sentido de liberdade, menos egoísta e mais solidária, menos restrita ao ego humano e voltada ao universo.”





Bibliografia

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            WIKIPEDIA (16-08-2013); <http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_homini_lupus>




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