sexta-feira, 16 de agosto de 2013

População: breve análise geográfica

Moacir J. M. Pereira 

INTRODUÇÃO



            Iniciando nosso trabalho apresentamos o seguinte trecho:

O motivo dessa impotência estava não apenas na verdadeira profundidade e complexidade da crise mundial, mas também no aparente fracasso de todos os programas, velhos e novos, para controlar e melhorar os problemas da raça humana.

(HOBSBAWN, 2002)

            Selecionamos o trecho acima, pois, nos remete a um pensamento importante, a problemática populacional, vista através dos Estados e diversos estudiosos do tema ao longo do tempo, e Eras, aqui tomamos de empréstimo o termo de HOBSBAWN para destacar a forma como a análise das populações se deu.

MAZOYER (2008) expõe em uma obra primorosa e de referência para os estudos sobre as agriculturas no mundo que a primeira grande revolução humana foi a Revolução Agrícola do Neolítico, onde os grupos humanos começaram a dominar técnicas através da criação de ferramentas para o auxílio aos cultivos, como por exemplo, ferramentas cortantes com uso de pedra tais como foices, serras, a moenda, os machados, vão facilitar sobremaneira a fixação do homem à terra e a dedicação ao cultivo e à criação. E neste ponto se erguem as relações sociais e brotaram as sementes que possibilitaram a ocupação humana em várias partes do globo fundando as bases das sociedades até nossos dias.

Para que se possa ter uma análise geográfica sobre população se faz necessário buscar fontes de informações em autores como Malthus, Pierre George, Amélia Damiani, que irão nos dar embasamento teórico para que possamos “alçar vôo” em nossos estudos e percepções sobre quais motivos levaram às características atuais da população mundial, à exemplo de desenvolvimento, subdesenvolvimento, miscigenação, relações com natureza etc. É importante conceituar população, conhecer os diversos movimentos populacionais humanos, saber interpretar os indicadores geográficos com bases estatísticas para se perceber as diferenciações espaciais e as características das populações que ocupam os diversos espaços geográficos no Globo de forma heterogênea por processos histórico-culturais à luz da antropologia e da geografia.

As análises antropológicas com bases em estudos de arqueologia são os fundamentos essenciais, apesar de não conclusivos e por vezes conflitantes entre teorias e teses, típico das ciências, para que possamos ter o entendimento inicial das características de ocupação dos continentes antes das grandes navegações como é o caso das Américas com as populações pré-colombianas. Vários estudos tentam explicar as origens das populações e suas miscigenações como o caso de Lagoa Santa em Minas Gerais com Luzia pondo em cheque as primeiras ocupações no Novo México Clóvis. Qual a importância para a geografia hoje destes estudos pretéritos? Teriam importância na conformação das populações atuais, no caso do Brasil? Teriam um peso cultural? E a influência européia, seria ela um fator de diminuição destas características iniciais?  Uma obra muito interessante sobre esta temática, apesar de que não a desenvolveremos aqui está em RODRIGUES-CARVALHO e SILVA (2006), que tratam da ocupação das Américas e alguns pontos das origens da distribuição sapiens sapiens no globo.

Sem dúvida um fator que influenciou o crescimento populacional e a dominação do homem sobre os espaços do Globo foi o desenvolvimento das técnicas agrícolas, que possibilitaram às sociedades se fixarem a terra, passando de nômades a sociedades organizadas que vão gerar civilizações inteiras. A primeira grande revolução agrícola no período neolítico (MAZOYER, 2008) criou novas e fortes relações entre as sociedades e a natureza, além de relações de poder entre os grupos que possuíam melhores técnicas e adaptações.

Para entender a população mundial se faz necessário aceitar a diversidade e buscar desvendar a exploração do homem pelo homem, Homo homini lúpus Plauto (254-184) in WIKIPEDIA (16-08-2013), e os conflitos entre as sociedades. Também para entender as populações é importante buscar através de fontes históricas como as sociedades encararam o problema do crescimento populacional ao longo dos séculos e como decisões tomadas pelos Estados e Nações influenciaram na vida dos cidadãos do mundo.    

Com a evolução das técnicas e a acumulação de capital, a propriedade privada e conflitos de territórios o peso das populações sobre a economia dos Estados Nações começa a preocupar diversos pensadores, muitas vezes culpando a própria população pelas situações de crise que enfrentavam. Faz-se, necessário um passeio por Malthus, os Neomalthusianos e os Revisionistas. O que não esgotaria o tema.



OBJETIVOS


            Apresentar conceitos gerais sobre estudos de população e sua relação com abordagens geográficas.


METODOLOGIA


            Nossa pesquisa se desenvolveu através de levantamento bibliográfico e pesquisas na rede mundial de computadores.


RESULTADOS


De acordo com MORMUL & ROCHA (2012) ao se tratar de população, há forte ligação com estudos geográficos, por possuir um caráter interdisciplinar, pois segundo os mesmos os estudos de população possuem ligações em várias áreas do conhecimento, apresentando-se por sua vez como um tema de grande complexidade, que pode nos levar a uma abordagem sistêmica. Pois ao se aprofundar nos estudos podemos desvelar várias fácies que nos mostram períodos e abordagens diferenciadas, e denunciam ideologias como podemos encontrar exposto em DAMIANI (1991).

            Outro aspecto importante é conceituar população, para isso alguns autores ao longo dos tempos buscaram nas ciências biológicas este conceito, o que por algum período levou a certas análises de população que excluíam os aspectos sociais e econômicos, os modos de vida e as relações e necessidades humanas de respeito e dignidade. Neste ponto encontramos também em MORMUL & ROCHA (2012) citações sobre pesquisas e abordagens da distribuição das populações humanas no ecúmeno, expondo que as concepções primárias buscaram suas explicações na Biologia, e por sua vez as abordagens geográficas também beberam desta fonte, tendo uma abordagem quantitativa supervalorizada, que é também denunciada por DAMIANI (1991), onde se deixam em segundo plano fatores econômicos, sociais, políticos, de existência pessoal em favor de conceitos como crescimento, fertilidade, mortalidade, migrações etc. “Deste modo, população, conceito advindo da biologia, passou a compor os estudos geográfico” (MORMUL & ROCHA, 2012).

            De acordo com MOREIRA & SENE (2007) o conceito atual de população para a geografia é dado como um conjunto de pessoas residentes em um mesmo espaço ou área, obedecendo a diversas escalas, podendo ser desde um bairro, um município, um país até à população mundial, que por sua vez poderá ter vários critérios de  classificação, por aspectos diversos como etnia, local de moradia, atividade econômica, faixa etária etc..

            Assim o que percebemos na literatura pesquisada é que inicialmente a Geografia busca na ciência biológica a legitimação, ou melhor, o caráter científico de análise e estudo das populações, a sociedade “não social”, o que com o tempo se modificará, conforme o parágrafo anterior.

De acordo com MORMUL & ROCHA (2012) “É inegável  a  contribuição  de  importantes  geógrafos  como Vidal  de  La  Blache,  Friedrich Ratzel (geografia clássica,) Pierre George, Jacqueline Beaujeu Garnier (geografia moderna),entre muitos  outros,  que  contribuíram  significativamente com  o  estudo  da  população  na  Geografia, suas  colaborações  encontraram  eco  nos  vários  ramos da  Geografia.  Porém,  vale  ressaltar  que  o contexto  em  que  esses  estudos  populacionais  foram  desenvolvidos,  revela-nos  que  estavam voltados a entender as questões de seu tempo.” Assim fica claro que não devemos esquecer que a abordagem geográfica de população está intimamente ligada às percepções e ideologias ao longo da história humana, denunciando interesses econômicos e políticos, como encontraremos em Malthus e os Neomalthusianos, Marx e os Revisionistas.

           
            Voltando para a abordagem geográfica das populações, com o processo de modernização técnico-científica na transição dos séculos XVIII, XIX e  XX, MORMUL & ROCHA (2012) , destacam que novas estruturas espaciais surgem rompendo com várias análises, à exemplo da Malthusiana, mas que se mantém vivas através das ideologias que se implantaram nas corridas imperialistas pela expansão do capital. Assim dentro dos estudos de população feitos pela geografia, na Nova Geografia, se tinham como ferramentas as técnicas estatísticas, matemáticas e de normatização/padronização das análises, fundadas na demografia. Em um contraponto surge paralelamente na década de 70 uma nova visão sobre população, onde as lutas de classe são consideradas, é o momento da Geografia Crítica. Vale deixar  o trecho abaixo que explicita bem esta nova fase:

O  estudo  da  população  na  Geografia  exige  o  aporte  de  outras  ciências  sociais como  a  Economia  Política  e  a  Sociologia,  para  explicar  o  porquê  do  lugar  de pessoas  nas  classes  sociais,  a  perda  dos  indivíduos  na  coisidade  da  força  de trabalho do homem genérico, ao mesmo tempo submetido na sociedade, não por obra do acaso, mas das leis sociais dominantes.
(RIQUE, 2004 in MORMUL & ROCHA, 2012 )


            Então com a Geografia Crítica se põe em destaque uma mudança na abordagem geográfica sobre população, deixando um pouco de lado a análise estritamente quantitativa para uma percepção qualitativa das populações e as suas relações sociais expostas pela luta de classe. Para FOUCAULT de acordo com MORMUL & ROCHA (2012), estudar população é ter em mente que se trata de algo por excelência humano, em que suas distribuições e materialidades, são decorrentes de processos histórico-espaciais derivados de relações sociais por vezes conflitantes, e que vão deixando em menor importância a análise meramente quantitativa, não a abandonando por completo, como bem expõe DAMIANI (1991), mas tendo os dados quantitativos como ferramentas de apoio à análise principal, que são os dados qualitativos.

            De acordo com DAMIANI (1991) “a  geografia  da  população  é  compreendida  como  primeira aproximação  dos  fenômenos  urbanos,  políticos,  econômicos,  constituindo,  nesse  sentido,  o primeiro capítulo dos tratados de geografia humana”.  

            MORMUL & ROCHA (2012) citam que o primeiro uso do termo Geografia da População se dá a Pierre George (1951), sendo utilizado posteriormente por diversos autores como Trewartha (1953), Melezin (1963), Pokshishevskiy (1966), Chandna  & Sidhu  (1980) entre outros.

Ainda retomando a importância da análise qualitativa no estudo das populações, ou melhor, da Geografia das Populações buscamos em DAMIANI (1991), reforçar esta idéia quando a autora expõe que a supervalorização da pesquisa quantitativa pode nos remeter à alguns resultados “superficias” dos fenômenos sócias, mascarando as relações conflituosas entre os diversos grupos sociais. O que a autora expõe é que não se deve excluir o quantitativo, como exposto nas considerações acima, mas relacionar às análises qualitativas.

Desta forma a autora explica que estudo das populações é por si o estudo das complexidades, ou seja, a mesma considera que “A população constitui a base e o sujeito de toda a atividade humana. Exatamente por isso a população tem tal complexidade, nesse momento histórico. Se se partir do estudo da população, teríamos que percorrer todos os aspectos, elementos e conseqüências da sua atividade para conhecê-la..” DAMIANI (1991).

Tratando dos estudos sobre população DAMIANI (1991) faz um levantamento do que ela expõe como resgate necessário para o estudo da Geografia das Populações resgatando e explicando algumas abordagens definidas como principais, como Malthus, os Neomakthusianos, Marx e os Revisionistas. Dentro de sua análise ela desvela que para Malthus, considerando seu momento histórico, transição do século XVII para o XVIII, e a condição reacionária do mesmo, a miséria era necessária, pois desta forma se manteriam algumas condições de existência que atuariam para o controle da superpopulação, através de um ciclo de ascensão e decadência das condições de vida das populações, controladas pela miséria e pela fome. Também expõe que para Malthus a fome e a miséria possibilitariam o aumenta da produção, pois as massas populacionais se dedicariam a abertura de novos campos de produção de alimentos, um ciclo vicioso. “A miséria para Malthus, é, portanto necessária. Ela aparece na fome, no desemprego, no rebaixamento dos salários; então, ela mata, ela faz adoecer, ela reduz o número de matrimônios, pois será mais difícil sustentar os filhos... Por outro lado, ela incita os cultivadores a aumentar o emprego da mão-de-obra disponível, a abrir novas terras ao cultivo, a re-harmonizar a relação população/recursos.” (DAMIANI, 1991).

Como exposto acima, o momento histórico da abordagem de Malthus sobre a população, em que o campo miserável migrava para as cidades em busca de sobrevivência ou algum tipo de sustento, o mesmo se preocupava com a disponibilidade de mão-de-obra para a produção de alimentos, onde como bem se conhece, expõe que o crescimento populacional se daria de forma geométrica, enquanto a produção de alimentos de forma aritmética, não sendo suficiente para a manutenção das populações. Assim, “Argumenta Malthus que é preciso distinguir o número de braços que o capital da sociedade pode empregar e o número que pode produzir alimentos em seu território. O emprego na manufatura teria um resultado diferente daquele da agricultura.” (DAMIANI, 1991)

            O que se faz destaque é que para DAMIANI (1991), Malthus não dá atenção para a evolução das técnicas, ponto da principal crítica à esta abordagem, como forma de suplantar a situação da fome, como também o mesmo estaria buscando esconder as reais condições que motivavam a miséria, que eram a exploração das populações por uma aristocracia e um burguesia emergente. Como bem expõe no trecho abaixo:

Não estaria Malthus fugindo ou subestimando as relações sociais e econômicas, particulares  ao momento que viveu, como fonte explicativa da pobreza, refugiando-se, como princípio motor de sua teoria, numa relação numérica abstrata? Neste caso, ele não estaria colaborando para perpetuar esta pobreza? Muitos o consideram o ideólogo da economia burguesa; em outros termos, seu defensor e legitimador.
DAMIANI, 1991

            Um ponto se faz importante frisar e destacar, que as bases do que hoje conhecemos como demografia e que ainda continuam subsidiando as análises da Geografia das Populações através de dados obtidos e de suma importância nos planejamentos de governos e pesquisas como dados de natalidade, mortalidade, crescimento vegetativo, etc. tem seus fundamentos em Malthus e nos Neomalthusianos, da década de 50 a 60, como por exemplo, os programas de planejamento familiar e populacional em vários lugares do mundo, como ocorreu no Japão Pós-Guerra, nos Estados Unidos da América, na Coréia do Sul, no Brasil etc.. e que ainda hoje são aplicadas pelos Programas de Planejamento Familiar, de caráter Neomalthusiano.

            Para DAMIANI (1991) “Malthus não só está vivo através do pensamento neomalthusiano do século XX, ... , como orientou a construção da demografia, ao conferir importância sócio-econômica aos problemas populacionais ... conferida à população por pensadores como Malthus, a demografia formal chega a superestimar essa tendência autonomizante, constituindo técnicas quantitativas para pesquisar as ‘leis endógenas’ do movimento da população: nas análises de natalidade, de mortalidade, quanto à constituição do crescimento vegetativo, entre outras.”

            Para o pensamento neomalthusiano, a questão central da superpopulação está no fato de que a superpopulação exige dos governos, principalmente de países em desenvolvimento, que os investimento que poderiam ser aplicados para o crescimento econômico, em novas tecnologias, em infra-estruturas, são direcionados para atender as camadas pobres e miseráveis fazendo com que estes países sofram e tenham um lento ou nulo desenvolvimento econômico, perpetuando a miséria das populações.

            Um contraponto para esta análise está em Marx, que busca denunciar que a miséria se dá pela luta de classes e pela expropriação dos meios de subsistência e da capacidade de produzir dos trabalhadores, forçando-os a vender sua mão-de-obra para o Capital, de forma desvalorizada e por vezes de forma insuficiente para sua manutenção e de sua família. “Para Marx, o pobre não é somente aquele privado de recursos, mas aquele incapaz de se apropriar dos meios de subsistência, por meio do trabalho. Existe, assim, a seguinte mediação social a se considerar: a qualidade de necessitado do trabalhador decorre do fato de ele depender sempre da necessidade que o capitalista ... tem de seu trabalho.” (DAMIANI, 1991). Apesar de se supor que Malthus não tenha dado observância a questão das técnicas para suprir a fome e a miséria, o Capital se apropria das mesmas impondo em seu ritmo as relações sociais nos grandes centros urbanos e gerando um exército de proletariado subvalorizado em fileiras junto ás empresas, “.. o desenvolvimento das técnicas, dos métodos de trabalho, das ciências incorporadas à produção .. exige proporcionalmente mais máquinas, matérias-primas, enfim, meios de produção do que força de trabalho ou mão-de-obra.” (DAMIANI, 1991)

            A abordagem da Geografia da População, apoiada na Geografia Crítica, expõe as relações sociais presentes e que se encontram de forma bem clara nos grandes centros urbanos e no meio rural que vai se proletarizando após a Revolução Verde. “Constitui-se, assim, uma massa de trabalhadores disponível, ou se criam excedentes populacionais úteis, que constituem uma reserva de trabalhadores inativos, passíveis de serem usados a qualquer momento, dependendo das necessidades de valorização ou expansão do capital.” (DAMIANI, 1991). Assim se cria uma condição de manutenção do Capital através do lucro e da exploração das populações pela regulação dos salários e mão-de-obra barata, motivada pela superpopulação relativa.


            De acordo com DAMIANI (1991) a partir da década de 20, teve início na Europa a aplicação do que seria conhecido como ótimo populacional, sendo um ponto de equilíbrio para a manutenção da boa qualidade de vida e situação econômica do país, onde variações no crescimento populacional, como crescimento acelerado ou decréscimo influenciariam nas condições sócio-econômicas do país. Desta forma pode-se considerar que até certo ponto o crescimento da população seria positivo para o país, entretanto passando-se deste limite o caindo demais ficaria comprometida a sustentação econômico-social da nação. Porém esta abordagem, segundo “Os críticos do malthusianismo asseguram que ele encobre as formas concretas e históricas, e suas mediações sociais particulares; e que estuda a relação entre natureza e sociedade, inclusive ocultando as relações de troca desiguais entre diferentes países. O malthusianismo não explicaria a produção concomitante e contraditória da riqueza e da miséria, da superprodução de alimentos e da fome. Fundamentaria ações imperialistas. Serviria, portanto, a uma política interna reacionária e externamente agressiva.” (DAMIANI, 1991).

Para a autora “o malthusianismo ou neomalthusianismo posto como uma ideologia que se aplica por meio de estratégias políticas e relativamente eficazes com objetivos ligados a manutenção das classes dominantes e na exploração das populações. Também considera que o crescimento populacional, especialmente a partir da década de 50,  nos países do Terceiro Mundo, no entender da teoria neomalthusiana, determinaria a existência de uma população excedente às possibilidades do desenvolvimento econômico desses países. E assim explicaria seu subdesenvolvimento... Apesar de muitos considerarem que os programas de desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo teriam um efeito redutor sobre a natalidade, admite-se quase por unanimidade, a necessidade de políticas de controle de natalidade. Essa redução tardaria e seria preciso antecipá-la.”

Nos países pobres, as várias formas de fome, denunciada no Brasil por Josué de Castro, atingem grandes porcentagens da população, sofre-se de fome em geral ou de fomes específicas (como falta de proteínas), portanto, sofrem a escassez de produtos alimentícios, estes são abundantes nos países chamados desenvolvidos. Em 1974 ocorreu em Budapeste a Conferência de População, onde foram postas à mesas várias cartas em que se denunciou que a questão da superpopulação e da miséria no mundo é decorrente das ações Capitalistas e Imperialistas motivadas pelo lucro e pelo estímulo ao superconsumo. Desta forma algumas nações em desenvolvimento expuseram que para erradicar a fome é necessário o desenvolvimento pleno das nações.

            Esta última análise ficou conhecida como teoria demográfica reformista, segundo os defensores desta corrente, existe uma tendência ao controle espontâneo  da natalidade quando da melhoria das condições de vida e educação da população, é uma teoria considerada por alguns autores como mais realista por considerar vários aspectos, como a questão econômica, social e demográfica, baseada nas situações das populações, das pessoas.

            De acordo com COELHO (2011), percebe-se que a dinâmica populacional, e sua análise deve considerar os processos históricos e sociais das populações, além também de desta forma buscar entender vários processos de crescimento, decrescimento e migração das populações tendo em vista suas condições sociais e sua relação com os recursos naturais e econômicos, que irão influenciar em sua distribuição na face terrestre. Assim se faz pertinente perceber as diversas formas de investigação das populações, com abordagem geográfica que nos demonstra vários aspectos sócio-espaciais. Entretanto esta abordagem para chegar a dados qualitativos busca em informações demográficas de origem quantitativas sua partida para a análise, conforme citam ALMEIDA & RIGOLIN (2005):


O conhecimento da distribuição dos habitantes por idade, sexo e população que trabalha, dividida pelos setores econômicos (População Economicamente Ativa – PEA), pode revelar dados importantes sobre a realidade socioeconômica dos vários países do mundo. Para esse levantamento, usamos a demografia, que procurou explicar as variáveis das populações: número total, dinâmica de crescimento, distribuição. Estrutura e mobilidade (migração).



CONCLUSÃO


            Durante este trabalho foi possível percebemos que o estudo das populações passou por diversas abordagens durante sua evolução. Dentro da literatura pesquisada basicamente ficaram expostas quatro abordagens, o Malthusianismo, Baseada em Malthus que via a miséria como algo inevitável e necessário para a manutenção do equilíbrio entre a capacidade de produção de alimentos e o número populacional, tendo em vista que Malthus foi considerado como um conservador e que não desvelava as causas reais da miséria e da fome, mas sim as tornavam “naturais” e “aceitáveis”. Em seguida vieram as teorias de Marx que combatiam esta lógica  expondo que a fome, a pobreza e a miséria são frutos da exploração econômica e da condição imposta pela domínio capitalista sobre a grande massa da população. Depois com a evolução imperialista e no pós-guerras surgiram os neomalthusianos que consideravam a causa da pobreza das nações a necessidade de gastos públicos com as populações crescentes, onde não se investiria no desenvolvimento econômico industrial das nações. Por fim os revisionistas que denunciavam as condições impostas as nações pobres pelo modelo econômico mundial e pelo estímulo ao “superconsumo.”

















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


         ALMEIDA, Lúcia Alves de; RIGOLIN, Tércio Barbosa; Fronteiras da Globalização: Geografia Geral e do Brasil, Ática, SP, 2005;


            COELHO, Vagner Limiro ET AL. O Ambiente e a distribuição geográfica dos seres vivos, vl. 2,  PEARSON, SP, 2011;

DAMIANI, Amélia Luisa; População e Geografia, Contexto, SP, 1991;

            HOBSBAWM, Eric; Era dos Extremos: O breve século XX 1914-1991, Companhia das Letras, SP, 2002;

MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence; História das agriculturas no mundo. UNESP, SP, 2008;

MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de; Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização, Scipione, SP, 2007,

           
            RODRIGUES-CARVALHO, Cláudia & SILVA, Hilton P. (Orgs.); Nossa Origem: o povoamento da Américas: visões multidisciplinares; Vieira & lent, RJ, 2006;

            WIKIPEDIA (16-08-2013); <http://pt.wikipedia.org/wiki/Homo_homini_lupus>




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